Coleção Ares N.º 33 - Informações, Contrainformação e Segurança enquanto Instrumentos Militares Contribuintes para a Segurança e Defesa Nacional

Editorial

A presente publicação, número 33 da Coleção “ARES”, com o título “Informações, Contrainformação e Segurança enquanto instrumentos militares contribuintes para a Segurança e Defesa Nacional”, 
prossegue a linha de divulgação de estudos e trabalhos levados a termo no Instituto Universitário Militar (IUM), sob a coordenação do seu Centro de Investigação e Desenvolvimento (CIDIUM).
Este livro é mais um produto associado ao Projeto de Investigação inscrito no CIDIUM sob a designação “Informações, Contrainformação e Segurança - instrumentos militares contribuintes para a Segurança e Defesa Nacional”, dos quais também se destaca, a edificação e execução do Curso de Pós-graduação em Informações Militares ministrado neste Instituto.
A presente obra, está centrada numa abordagem holística das Informações Militares, procurando aprofundar a necessidade de otimização dos diversos sistemas de informações militares. Em paralelo com esta abordagem, são apresentadas reflexões sobre uma das disciplinas das Informações Militares, a Human Intelligence, e o resultado prático que a sua operacionalização em apoio às operações pode impactar no processo de tomada de decisão. Procurando abranger todas as temáticas associadas às Informações Militares in sensu lato, é apresentado ainda um estudo concetual sobre o papel da Segurança Militar e da Contrainformação nas Forças Armadas, face ao atual ambiente operacional. 
De modo transversal, e com um contributo mais transversal e de aplicabilidade mais abrangente é efetuada uma análise aprofundada aos vieses associados à capacidade de julgamento e de decisão face a problemas que se possam apresentar, procurando catalisar a curiosidade e conhecimento de uma temática cada vez mais relevante, o raciocínio crítico.
Os seus autores para além de desenvolverem uma abordagem assente numa análise crítica aos diversos tópicos, procuram identificar lacunas e recomendações que permitam, nos diversos ensaios, apresentar medidas que, de uma forma objetiva, se constituam exequíveis na mitigação de dificuldades e ultrapassagem de desafios ou problemas à eficiência. Por tudo o que foi referido, o conteúdo desta publicação aporta um valor acrescido efetivo, por trazer as Informações Militares para a agenda académica e operacional. Este aspeto, recrudesce ainda mais de significado, tendo em conta o atual ambiente operacional, cada vez mais difuso e complexo, que carece de permanente compreensão da situação e mitigação da incerteza no apoio à tomada de decisão esclarecida.
Como tal, lanço o desafio da sua leitura e análise, a todo um coletivo com responsabilidade direta ou indireta sobre a matéria aqui aprofundada, ou que simplesmente revele interesse, assumindo desde logo o principio de que estas matérias são indubitavelmente intrínsecas à própria condição de militar.
O Instituto Universitário Militar reitera o interesse e a disponibilidade para continuar a desenvolver estudos associados a estas temáticas, proporcionando a reflexão e o debate alargado, contribuinte para o desenvolvimento de capacidades das Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana, que permitam ultrapassar desafios e obstáculos ao próprio cumprimento das suas missões.
Elogio o coordenador e os autores por esta obra e deixo um particular cumprimento ao Tenente-general Vizela Cardoso por se ter associado, conferindo maior relevo à obra e ao trabalho de investigação que se desenvolve neste Instituto.
Resta-me deixar ao leitor os votos de uma profícua leitura.

Lisboa, 06 de novembro de 2019

Tenente-general Manuel Fernando Rafael Martins
Comandante do IUM

Artigos

O papel da HUMINT no contexto atual e futuro de emprego de forças terrestres

Resumo

Numa sociedade caracterizada por uma evolução constante, por um ambiente operacional volátil e uma ameaça imprevisível e dissimulada, é fundamental explorar ferramentas que possam incrementar o aconselhamento oportuno na tomada de decisão. Nesta conformidade, sendo as zonas de conflito atuais, áreas densamente povoadas, o elemento humano assume um fator decisivo nas atividades de recolha de informação em operações militares, sendo a Human Intelligence, um instrumento essencial a ter em conta no apoio à tomada de decisão militar. Porquanto, é objetivo desta investigação avaliar como pode a Human Intelligence contribuir para a eficiência da conduta das operações terrestres, nomeadamente em operações de estabilização. Para atingir este desiderato, efetuou-se uma investigação baseada num raciocínio dedutivo, apoiado numa análise documental e de conteúdo, complementado com entrevistas a especialistas com experiência operacional. Seguindo um desenho de pesquisa, assente num estudo de caso, foi possível concluir que a Human Intelligence, num contexto futuro, poderá assumir um papel relevante no apoio ao desenvolvimento do Ciclo de Produção de Informações. Como principal limitação salienta-se o facto desta disciplina de informações ser redutora, tendo sido inferidas recomendações que permitam utilizar esta disciplina em operações, de forma integrada, para o apoio à tomada de decisão, em operações de estabilização.

Palavras-chave

Ambiente Operacional, Forças Terrestres, HUMINT, Informações, Operações de Estabilização.

Autor(es) (*)

Avatar Ana Raquel Garção Maurício
Avatar André Miguel Farinha Bento
Avatar Carlos Miguel Coelho Rosa Marques da Silva
Avatar César António Rangel Monteiro
Avatar João Filipe Pires Xavier
 423 | 86
Criação de um Intelligence Fusion Center na Força Aérea

Resumo

A complexidade da sociedade atual veio reforçar o papel das Informações no processo de tomada de decisão de qualquer organização. Além disso, a rápida evolução tecnológica originou uma capacidade cada vez maior de recolha de dados e informação por várias fontes que necessitam de ser agregadas, analisadas, transformadas em Informações e disseminadas em tempo útil. Os Intelligence Fusion Center (IFC) surgem com esse objetivo, procurando contribuir para um produto mais completo e robusto de apoio aos decisores. Seguindo uma estratégia qualitativa e um raciocínio dedutivo, esta investigação procura perceber de que forma a integração de dois dos órgãos que a Força Aérea (FA) tem na sua estrutura, a Repartição de Informações Militares (RIM) e o Centro de Guerra Eletrónica (CGE), através da criação de um IFC na FA, contribuiria para uma mais-valia para o Ciclo de Produção de Informações (CPI). Os resultados obtidos revelam que existem vantagens para a qualidade do produto das Informações, benefícios para o CPI e que poderá ficar acessível uma nova base de dados de Informações da NATO que permitirá novas valências na FA. No entanto, a integração da RIM e CGE não é condição suficiente, per si, para a criação de um IFC na FA.

Palavras-chave

Informações, Intelligence Fusion Center, Centro de Guerra Eletrónica, Repartição de Informações Militares, Produto das Informações, SIGINT.

Autor(es) (*)

Avatar Pedro Filipe Rodrigues dos Santos
 383 | 82
O Sistema de Informações do Exército Português: atualidade e perspetivas de emprego

Resumo

O atual ambiente operacional, caraterizado pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, potencia a importância das Informações, pois estas traduzem-se numa ferramenta de elevado valor para quem as possui, quer pela vantagem face aos concorrentes diretos, quer pelo apoio à tomada de decisão e assim como à definição de estratégias. Num contexto militar,
considera-se preponderante analisar se as Informações Militares no Exército têm a qualidade suficiente que satisfaça o “cliente” e se as mesmas são produzidas de forma eficiente. Assim, para se atingir este objetivo, efetuou-se uma investigação com base num raciocínio indutivo, assente numa estratégia qualitativa consubstanciada num desenho de pesquisa estudo de caso, através duma análise documental e de conteúdo com recurso a entrevistas a especialistas, que possibilitou evidenciar a importância das Informações Militares no planeamento e conduta de operações militares. Concomitantemente, permitiu concluir a existência de uma estrutura de Informações e não de um Sistema de Informações no Exército, e ainda identificar uma série de contributos que podem potenciar uma melhoria na eficiência e eficácia, corroborando diretamente para a qualidade do produto das Informações Militares.

Palavras-chave

Informações Militares, Sistema de Informações Militares, Eficiência, Qualidade.

Autor(es) (*)

Avatar Alexandre Manuel Moura Parreiras
Avatar Carlos Miguel Coelho Rosa Marques da Silva
Avatar José António da Rocha Isidoro
Avatar Júlio César Melício Pires de Melo Sancha
Avatar Rodrigo Garcia Gonçalves Brito
 406 | 85
Desafios atuais à análise de informações: uma reflexão sobre o viés de confirmação na era digital

Resumo

Num mundo crescentemente digital, assiste-se de forma frequente ao debate sobre se a Internet e, particularmente, as redes sociais não se estão a tornar verdadeiras câmaras de ressonância dos nossos gostos e hábitos de pesquisa, acabando os internautas por ficarem tendencialmente mais isolados da informação que não se enquadre no seu padrão. Do ponto de vista do raciocínio lógico e dos vieses que com ele podem interferir, a valorização da informação que corrobora o nosso quadro mental de referência e a desvalorização ou rejeição de informação que seja contraditória designa-se de viés de confirmação. O objetivo deste trabalho é, pois, refletir sobre a influência que o viés de confirmação pode desempenhar na Análise de Informações na atualidade. Para o atingir, foi seguida uma estratégia de investigação qualitativa baseada no raciocínio dedutivo e com recurso à análise documental. Foi possível concluir que existe uma possibilidade teórica de amplificação do viés de confirmação na Análise de Informações. Contudo, os Serviços de Informações dispõem já de diversas soluções que permitem a sua mitigação e que poderão utilizar de forma reforçada.

Palavras-chave

Filtro-bolha, Viés de confirmação, Análise de Informações, Serviços de Informações.

Autor(es) (*)

Avatar José Pedro Gonçalves Venâncio
 343 | 75
Segurança e contrainformação - instrumentos contribuintes para a eficiência das atividades militares

Resumo

Numa sociedade globalizada e marcada por uma ameaça volátil, incerta, difusa e multifacetada, impera a necessidade de criar mecanismos de mitigação da mesma, numa Instituição Militar carente de processos eficientes associados à segurança militar e à contrainformação. Neste sentido, a compreensão, concetual e operacional destes dois vetores, assume especial preponderância, tendo em conta que a contrainformação e a segurança militar são duas áreas distintas, mas interdependentes. A ação conjunta destes dois vetores devidamente alinhados e com os apoios subjacentes necessários para a profícua atividade, cria as condições para impedir ou mitigar qualquer ação hostil que vise comprometer a salvaguarda do pessoal, material, instalações e informação classificada. A proposta de recomendações direcionadas para a eficiência de processos concorre diretamente para uma cultura de segurança institucional que se pretende sustentada. Para atingir este desiderato, efetuou-se uma investigação com base num raciocínio dedutivo, assente numa estratégia qualitativa, através de uma análise documental e de conteúdo, com recurso a entrevistas a especialistas com experiência operacional. Do estudo, foi possível concluir que uma mudança cultural de educação dos militares, a par de uma consciencialização por parte dos comandantes e decisores, catalisa o desenvolvimento de ações ao nível organizacional, estrutural, de processos e procedimentos, que contribuirão para a eficiência e contributo das atividades de segurança militar e da contrainformação em prol do cumprimento das missões militares.

Palavras-chave

Segurança Militar, Contrainformação, Eficiência, Ambiente Operacional

Autor(es) (*)

Avatar Carlos Miguel Coelho Rosa Marques da Silva
 393 | 82

(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.