Editorial
A edição do 17.º número da Revista de Ciências Militares (RCM), ecoa o propósito do Instituto Universitário Militar (IUM) em divulgar investigações sobre temas atuais e de vasto interesse académico, e constitui mais um produto que reflete a qualidade, rigor científico e análise crítica das investigações realizadas no IUM.
A RCM, e a sua equivalente em inglês, Portuguese Journal of Military Sciences, apresentam-se, cada vez mais, como uma referência entre a comunidade científica, de investigadores, estudantes e outras entidades, nacionais e internacionais, que procuram aprofundar conhecimentos nas Ciências Militares, da Segurança e Defesa, para além de um “saber” em sentido lato.
Neste âmbito, o presente volume da RCM congrega seis artigos, decorrentes de estudos científica e metodologicamente validados.
Um primeiro conjunto, relacionado com o estudo das Crises e dos Conflitos Armados, e onde se incluem os artigos:
– Proposta de um modelo para a geração de forças nas Forças Armadas;
– Presença nacional no Golfo da Guiné: integração dos diferentes instrumentos do poder;
– O poder militar no mar no combate à pirataria Somali;
– O direito internacional e as armas de destruição massiva: o caso da Síria.
Um artigo integrado no estudo das Operações Militares:
– Propaganda do terror: ameaças para a segurança da União Europeia.
Por último, um artigo enquadrado no estudo da Gestão de Recursos em Contexto Militar:
– Worldwide Warehouse Redistribution Service e a gestão de stocks excedentários na Força Aérea.
Congratulo os autores e endereço votos de uma profícua leitura à vasta audiência da nossa Revista.
Tenente-general José Augusto de Barros Ferreira
Comandante do IUM
Artigos
 Proposta de um modelo para a geração de forças nas Forças Armadas
                     
                      Proposta de um modelo para a geração de forças nas Forças Armadas
                       
                Resumo
O objetivo da presente investigação é propor contributos para a otimização de um modelo de geração de forças nas Forças Armadas que assegure o cumprimento dos compromissos internacionais, no exterior do território nacional. O estudo iniciou-se com a análise do modelo de planeamento e geração de forças nacionais destacadas, no sentido de detetar eventuais lacunas e disfunções, no respetivo ciclo anual, na perspetiva de obter contributos para a sua otimização. De seguida, compararam-se as características dos modelos das organizações internacionais, bem como de países aliados, que podem contribuir para otimizar para o modelo nacional. Com base nas lacunas e disfunções encontradas e na comparação dos modelos referenciados, foi possível selecionar contributos suscetíveis de serem adaptados ao modelo nacional. Na investigação utilizou-se um processo de raciocínio do tipo indutivo e uma estratégia qualitativa, adotando o estudo de casos múltiplos como desenho de pesquisa. Como principal resultado da investigação, apresentam-se contributos ao nível da finalidade, dos processos e dos recursos, numa proposta otimizada de modelo que sistematiza de forma rigorosa, o planeamento anual e geração de forças nacionais destacadas, conjugando as capacidades e maximizando os recursos disponíveis, de forma a contribuir decisivamente para a afirmação da política externa de Portugal.
Palavras-chave
Forças Armadas; Compromissos Internacionais; Planeamento; Forças Nacionais Destacadas; Geração de Forças; Modelo.Autor(es) (*)
 José David Angelino da Graça Talambas
 José David Angelino da Graça Talambas Presença Nacional no Golfo da Guiné: Integração dos diferentes instrumentos do poder
                     
                      Presença Nacional no Golfo da Guiné: Integração dos diferentes instrumentos do poder
                       
                Resumo
O mar tem uma importância determinante para a economia mundial e, naturalmente, para a economia africana, pelo que têm sido envidados esforços, local, regional e internacionalmente, para promover uma ‘economia azul’ que alavanque a região. No entanto, este ensejo não está a ser aproveitado e uma das razões apontadas resulta da existência de uma diversidade de ameaças à segurança e à sustentabilidade da economia do mar, nomeadamente a insegurança marítima. Assim, considerou-se pertinente analisar o Golfo da Guiné, com o intuito de propor medidas para dinamizar os instrumentos do poder nacional, promover a segurança marítima, e, deste modo, cimentar os interesses nacionais na região. A investigação seguiu um raciocínio indutivo, assente numa estratégia de investigação qualitativa e num desenho de pesquisa de estudo de caso, recorrendo-se à análise bibliográfica e documental e a entrevistas semiestruturadas. Desta investigação resultou que, apesar do esforço nacional e internacional, a insegurança marítima no Golfo da Guiné não mostra sinais de diminuir, ao contrário da tendência generalizada nas outras áreas do globo. Neste sentido, importa continuar a incrementar as ações de cooperação com os países e instituições regionais, garantindo uma maior articulação e coordenação entre todos os atores presentes na região.
Palavras-chave
Golfo da Guiné, segurança marítima, instrumentos do poder nacional.Autor(es) (*)
 João Paulo Silva Pereira
 João Paulo Silva Pereira O poder militar no mar no combate à pirataria Somali
                     
                      O poder militar no mar no combate à pirataria Somali
                       
                Resumo
A pirataria no Corno de África no início do século XXI assumiu particular destaque ao ter colocado em causa o comércio marítimo internacional através de duas rotas globais: do Suez e do Cabo. A liberdade de navegação ficou fortemente condicionada e a vida de tripulantes foi posta em risco, o que contribuiu para a (in)segurança marítima da região. Os sequestros de navios com ajuda humanitária para as populações somalis tiveram impacto direto no seu modo de vida, privando-as de bens de primeira necessidade, pelo que afetaram a sua segurança (humana). Para combater aquela ameaça, a região assistiu à maior operação naval multilateral no pós-Guerra Fria, com forças navais de três proeminentes organizações internacionais, como a NATO, a União Europeia e o Combined Maritime Forces, a par de diversos Estados que empenharam meios de forma autónoma, em missões nacionais independentes, destacando-se a China, a Rússia, a Índia e o Japão. Pretende-se com este artigo analisar a influência do poder militar no mar na segurança marítima na região do Corno de África no corrente século. Os resultados mostram que a intervenção do poder militar no mar ocorrida a partir do final de 2008 foi decisiva no controlo do fenómeno da pirataria marítima.
Palavras-chave
Corno de África, poder militar no mar, segurança marítima, pirataria marítima.Autor(es) (*)
 António Manuel Gonçalves Alexandre
 António Manuel Gonçalves Alexandre O Direito Internacional Humanitário e as Armas de Destruição Massiva: O Caso da Síria
                     
                      O Direito Internacional Humanitário e as Armas de Destruição Massiva: O Caso da Síria
                       
                Resumo
Este artigo tem como referencial o Direito Internacional Humanitário (DIH) e foca-se no emprego de Armas de Destruição Massiva, procurando analisar o conflito sírio, como uma guerra contemporânea e num contexto da pós-verdade. Para o efeito, recorreu-se a uma abordagem centrada no conceito de DIH e questionaram-se as dificuldades da sua aplicação. Do estudo se conclui a aplicabilidade do DIH neste conflito armado internacional, com comprovado emprego de armas químicas, bem como a relevância das organizações internacionais, designadamente a Organização das Nações Unidas e a Organização para a Proibição das Armas Químicas, como entidades essenciais para a fundamentação e aplicação deste Direito.
Palavras-chave
Direito Internacional Humanitário, Armas de Destruição Massiva, Armas químicas, Conflito Armado.Autor(es) (*)
 Ana Maria Carvalho Ferreira da Silva Correia
 Ana Maria Carvalho Ferreira da Silva Correia Propaganda do Terror: Ameaças para a Segurança da União Europeia
                     
                      Propaganda do Terror: Ameaças para a Segurança da União Europeia
                       
                Resumo
O Daesh revolucionou a forma de fazer terrorismo, pois, através de uma potente máquina propagandística, foi capaz de alinhar narrativa, ideologia e espetáculo, alcançando uma popularidade e recrutamento cobiçados por qualquer organização. De facto, a Europa está a sofrer os efeitos desta propaganda: lobos solitários, células terroristas, combatentes estrangeiros, bem como a polarização da sociedade como consequência de um ciclo de ódio criado pela dinâmica recrutamento-ataque-xenofobia. Uma análise dos relatórios do Conselho de Segurança das Nações Unidas, artigos científicos, entrevistas, e notícias sobre a evolução dos factos no terreno, possibilitou, mediante uma estratégia qualitativa e raciocínio dedutivo, atingir o objetivo desta pesquisa: identificar as políticas e ferramentas, nos domínios policial e militar, que têm funcionado no combate contra as potenciais ameaças do Daesh à segurança da União Europeia. Resumidamente, concluiu-se que embora os atentados tenham diminuído, isto não se traduz numa redução da ameaça, mas antes num período de transição que revela um futuro de incertezas para a Europa, especialmente quando observado o número de conspirações e tentativas frustradas, fruto dos esforços antiterroristas. Ou seja, esta fase de transição não resulta de uma perda de motivação dos terroristas, mas da perturbação da sua capacidade para planear e executar ataques.
Palavras-chave
Daesh, terrorismo, propaganda, lobos solitários, combatentes estrangeiros.Autor(es) (*)
 João Manuel Pinto Correia
 João Manuel Pinto Correia Juan Manuel Ramos Santamaría
 Juan Manuel Ramos Santamaría Worldwide Warehouse Redistribution Service e a Gestão de Stocks Excedentários na Força Aérea
                     
                      Worldwide Warehouse Redistribution Service e a Gestão de Stocks Excedentários na Força Aérea
                       
                Resumo
Num contexto cada vez mais imprevisível em termos orçamentais e, na sequência das várias restruturações operacionais, planeadas e presentemente em curso, a Força Aérea (FA) enfrenta um desafio ao nível da gestão de material (stocks excedentários), que, embora sem utilidade para a manutenção das suas atuais e renovadas frotas, continua a ocupar espaço de armazenagem, representando apenas um custo. Neste enquadramento, afigurou-se importante analisar formas alternativas de rentabilizar este material, por alienação, através, da utilização de um serviço disponibilizado pelo Governo Americano, no âmbito do seu programa de assistência Foreign Military Sales, o Worldwide Warehouse Redistribution Service (WWRS). O presente estudo assentou num raciocínio indutivo, no estudo de caso como desenho de pesquisa e numa estratégia de investigação qualitativa, de análise de conteúdo das respostas às entrevistas semiestruturadas realizadas a 18 experts, nacionais e internacionais, intervenientes em diferentes fases do processo de gestão de stocks. Da análise dos resultados, concluiu-se que é exequível utilizar o WWRS na gestão, rentabilizada, dos stocks armazenados pela FA, permitindo, entre outras mais-valias, libertar espaço de armazenagem, rentabilizar artigos já sem utilidade para o Ramo, algum retorno financeiro e consequente financiamento de outras capacidades core da organização/instituição.
Palavras-chave
Foreign Military Sales, Stocks Excessivos, Worldwide Warehouse Redistribution Service.Autor(es) (*)
 Cristina Paula de Almeida Fachada
 Cristina Paula de Almeida Fachada Elsa de Brito Alves Pereira Evangelista
 Elsa de Brito Alves Pereira Evangelista Nuno Alexandre Cruz dos Santos
 Nuno Alexandre Cruz dos Santos(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.
