Editorial
Com a publicação deste 22.º número da Revista de Ciências Militares (RCM), e da sua análoga versão em inglês, Portuguese Journal of Military Sciences, o Instituto Universitário Militar dá continuidade à sua política editorial de divulgação da investigação que é realizada ao nível das Ciências Militares.
O presente número da RCM inclui, assim, três artigos cuja elevada qualidade científica foi avaliada e confirmada, de forma similar ao sucedido nos números antecedentes, com recurso a um rigoroso processo de revisão que, analogamente, ao efetivado pelas revistas científicas (nacionais e internacionais) de comprovada notoriedade e referência, se inicia com a apreciação dos responsáveis editoriais da RCM, seguida pela revisão científica por pares em regime de duplo anonimato (double-blind peer review) e pela subsequente decisão última da direção editorial.
Primando sempre pela qualidade, independentemente de tal poder significar uma elevada taxa de atrição nos artigos que são submetidos à RCM, como sucedeu com a atual edição, são agora dados à estampa trabalhos atinentes de conhecimentos e evidências, que foram científica, metodológica e empiricamente validados. Assim publicamos:
– Sobre a garantia da qualidade no ensino superior, no contexto da especificidade do Ensino Superior Militar e da legislação que lhe é aplicável, a pesquisa Edificação do Sistema Integrado de Avaliação e Qualidade do Instituto Universitário Militar;
– Relativo à guerra na Ucrânia, tendo por base um trabalho desenvolvido no âmbito do Centro de Observação de Guerra e Paz do IUM, a investigação Conflito Rússia-Ucrânia – o impacto das sanções económicas na Rússia – uma revisão narrativa da literatura;
– No âmbito da relevância da influência dos países vizinhos da UE e dos países candidatos à adesão como a Bósnia Herzegovina (BiH) na estabilidade e no crescimento económico dessa zona da Europa, o estudo denominado O papel da UE na manutenção de um ambiente seguro e estável na Bósnia Herzegovina.
Felicito os autores pela pertinência e distinção das suas pesquisas e cumprimento os leitores da vasta audiência da Revista de Ciências Militares / Portuguese Journal of Military Sciences, a quem subscrevo votos de uma agradável e profícua leitura.
O Comandante do IUM
Hermínio Teodoro Maio
Tenente-general
Artigos
Edificação do Sistema Integrado de Avaliação e Qualidade do Instituto Universitário Militar
Resumo
A garantia interna da qualidade é, atualmente, um elemento estruturante e integrador das instituições de ensino superior nacionais. As instituições nacionais de ensino superior militar têm demonstrado possuir mecanismos de garantia da qualidade, no âmbito da acreditação dos seus ciclos de estudos. Porém, estes mecanismos não estão ainda integrados num sistema interno de garantia da qualidade, agregador do Instituto Universitário Militar e das suas unidades orgânicas.
O estudo tem por objetivo propor contributos para a edificação do sistema interno de garantia da qualidade do Instituto Universitário Militar, integrando as suas unidades orgânicas e cumprindo com os requisitos definidos pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior. Em termos metodológicos, optou-se por uma estratégia qualitativa, com recurso a entrevistas semiestruturadas a responsáveis da qualidade de instituições militares e civis nacionais, e de congéneres militares europeias e um desenho de pesquisa do tipo estudo de caso.
Como resultado da investigação, apresenta-se um conjunto de contributos, consubstanciados em elementos caracterizadores do sistema interno de garantia da qualidade e constrangimentos a mitigar no decurso da sua implementação, baseados nos sistemas existentes nas instituições analisadas e adaptados à especificidade do ensino superior militar.
Palavras-chave
Ensino Superior Militar; Garantia da Qualidade no Ensino Superior; Instituto Universitário Militar; Sistema Interno de Garantia da Qualidade.Autor(es) (*)
Delfim Zambujo das Dores
Conflito Rússia-Ucrânia - O impacto das Sanções Económicas na Rússia - Uma Revisão Narrativa da Literatura
Resumo
O presente estudo tem como objetivo examinar os efeitos das sanções económicas na Rússia no contexto do conflito Rússia-Ucrânia, que teve início a 24 de fevereiro de 2022. Adotou-se a revisão narrativa da literatura como metodologia, tendo por base artigos recolhidos no dia 11 de abril de 2023 de fonte aberta, e com data posterior a fevereiro de 2022, que contivessem “impact”, “santions” e “Russia” no título. Foram incluídos oito estudos na revisão, obtidos no Google Scholar e na Open Knowledge Maps, que abrangeram diferentes origens e captaram o impacto de sanções comerciais e de sanções financeiras. Os oito estudos demonstram o impacto das sanções financeiras e económicas no enfraquecimento da economia russa, designadamente nas variáveis exportações, importações, rublo, indústrias, PIB, desemprego, inflação e taxa de câmbio. A grande maioria dos autores avaliou o impacto como mitigado, no início, por estratégias russas, mas que está a tornar-se cada vez mais visível. Defendem, por isso, manter as sanções e refiná-las. Concluímos que as sanções foram aplicadas sobre condições que a teoria das sanções mais recente refere como eficaz. Estudos futuros devem dar continuidade ao acompanhamento do impacto das sanções ao longo do tempo e, com particular importância para as Forças Armadas, a investigação sobre contrassanções. Destacamos, como limitações, a ausência de dados oficiais da Rússia.
Palavras-chave
Rússia, impacto, sanções económicas.Autor(es) (*)
Ana Carina da Costa e Silva Martins Esteves
O papel da UE na Manutenção de um Ambiente Seguro e Estável na Bósnia Herzegovina
Resumo
A UE tem por objetivos melhorar a paz, a liberdade, a segurança e a justiça além fronteiras. No entanto, esses objetivos poderão ser postos em causa se a região dos Balcãs não for estabilizada. O nosso argumento é que as atitudes erradas dos políticos bósnios ameaçam colocar em risco o cumprimento do Acordo de Dayton.
Este estudo analisa a relevância da influência dos países vizinhos da UE e dos países candidatos à adesão como a Bósnia Herzegovina (BiH) na estabilidade e no crescimento económico dessa zona da Europa. Uma mudança de atitude pode ter um impacto direto na estabilidade da região.
O artigo analisa as opções que a UE tem à sua disposição para resolver o conflito na BiH e argumenta que, se a UE criar condições inexoráveis para que o Acordo de Dayton continue a ser aplicado, verá a sua relevância na resolução de futuros conflitos aumentar.
Palavras-chave
União Europeia, Bósnia-Herzegovina, Estratégia Global da UE, Abordagem Integrada, Política Comum de Segurança e Defesa.Autor(es) (*)
Paulo Pereira Zagalo(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.