Cadernos do IUM N.º 13 - I Guerra Mundial: das Trincheiras ao Regresso

Editorial

Após 100 anos, cabe-nos recordar os momentos daqueles que tombaram e sobreviveram nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. A propaganda dos feitos assinaláveis no campo de batalha como os elevados números de baixas que essa propaganda era incapaz de esconder, chegava a Portugal, como algo ainda distante, mas cada vez mais próximo. E o ano de 1916 trouxe a declaração de guerra da Alemanha a Portugal, ao que se seguiu a decisão de participar no teatro de operações europeu com uma força expedicionária. Constituiu-se o Corpo Expedicionário Português (CEP) que teve as suas primeiras manobras militares na região de Vila Nova da Barquinha e Constância, no que ficou conhecido como o “Milagre de Tancos”.
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Esta análise da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial foi amplamente conseguida na apresentação do Trabalho Final de Curso (TFC) do Curso de Estado-Maior Conjunto, do Instituto Universitário Militar. Em junho de 2016 quatro discentes daquele curso apresentaram e defenderam trabalhos que foram desde o planeamento das operações do CEP até ao regresso a Portugal dos militares portugueses, constituindo um valioso contributo para o conhecimento da História Militar de Portugal, da participação portuguesa na guerra e particularmente na Frente Ocidental. Este contributo não podia deixar de ser considerado naquilo que tem sido apanágio das comemorações do centenário da Primeira Guerra Mundial, como a memória dos feitos portugueses e a sua análise e investigação.

 

Artigos

A Repartição de Operações do Quartel-General e o Desempenho Operacional do Corpo Expedicionário Português

Resumo

A Repartição de Operações do Estado-Maior do Corpo Expedicionário Português foi responsável pela coordenação das tropas portuguesas na frente ocidental e pela integração da força no dispositivo britânico. Elaborou o plano de defesa do setor atribuído e emitiu uma série de ordens para gerir as operações correntes. 
Com este texto pretendeu-se compreender a atividade desta repartição e o respetivo impacto no desempenho operacional do Corpo. Foram identificados os fatores que marcaram a beligerância portuguesa, que mais influência tiveram na repartição e no desempenho do Corpo, avaliado o impacto da estrutura da força e do seu Estado-Maior, identificados os fatores mais relevantes do setor atribuído e do seu dispositivo com impacto no desempenho e ainda determinado o papel da repartição durante a condução das operações. 
Foi analisado um conjunto diversificado de fontes, fundamentalmente do Arquivo Histórico Militar e da Biblioteca do Exército, para recolha de informação, e bibliografia nacional e estrangeira acerca do tema. 
A repartição contribuiu para o normal desempenho do CEP, não tendo sido identificados erros cometidos pela mesma com impacto negativo na prestação da força.

Palavras-chave

Grande Guerra, Corpo Expedicionário Português, Repartição de Operações, Desempenho Operacional.

Autor(es) (*)

Avatar Sérgio Manuel Oliveira da Rocha
 247 | 83
A Integração numa Aliança como Fator Definidor da Organização do Exército português no Período Pós Primeira Guerra Mundial

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo identificar as causas e as adaptações efetuadas à organização do Exército Metropolitano Português após a participação na IGM, mediante a condução de um estudo no âmbito da História Militar, através de um desenho de pesquisa histórica com o recurso à análise de fontes, estudos e obras literárias. Como resultados, identificámos que as causas que estiveram na origem da reorganização do Exército Metropolitano Português se encontravam intimamente relacionadas com a necessidade de reagir contra um ataque espanhol. Identificámos também, que as principais adaptações apresentadas na organização do Exército Metropolitano Português de 1926, foram estruturadas com base nas diferentes influências do Exército francês e inglês, fruto da instrução recebida pelas forças portuguesas durante a IGM bem como através da doutrina e modelos organizativos desses mesmos exércitos. Com isto concluímos que adaptação aos modelos militares francês e inglês durante o processo de reorganização do Exército Metropolitano Português, após a participação na IGM, se deveu a aspetos de aproximação organizacional e doutrinária, com vista a garantir uma melhor integração em caso de necessidade de colaboração contra a ameaça espanhola.

Palavras-chave

1926, Exército Português, Organização Militar, IGM.

Autor(es) (*)

Avatar José Edgar Ferreira Rainho de Carvalho
 241 | 81
Prisioneiros de Guerra Portugueses no Quadro da Grande Guerra. O Papel das Instituições Cívicas de Apoio

Resumo

O presente texto pretende analisar o apoio das instituições cívicas aos prisioneiros de guerra. Para tal, procurámos perceber as razões que levaram o Estado a tardar no apoio aos prisioneiros, identificar as instituições que se destacaram nesse apoio e, por fim, analisar a interação entre as principais entidades responsáveis, visando compreender o volume e os efeitos do auxílio prestado, desde o momento da captura até ao seu repatriamento. Assim, verificámos a existência de duas instituições que desempenharam um papel fundamental no apoio aos prisioneiros. O Comité de Socorros aos Militares e Civis Prisioneiros de Guerra e a Comissão Central de Assistência. Em união de esforços e apoiadas, posteriormente, pelo delegado do Serviço de Prisioneiros de Guerra, tornaram possível a assistência aos militares portugueses cativos na Alemanha.

Palavras-chave

Prisioneiros de Guerra; Grande Guerra; Instituições de Apoio.

Autor(es) (*)

Avatar João Nuno Saraiva Mota de Albuquerque
 232 | 79
Operações Militares contra a Monarquia do Norte em 1919

Resumo

Este artigo pretende abordar a reação militar da I República quando confrontada com a proclamação da Monarquia do Norte. A fim de cumprir este objetivo, optou-se por dividir essa reação em três partes que são a organização das forças republicanas, a sua evolução ao longo do conflito e a forma como foram conduzidas as operações militares. Analisou-se um conjunto de fontes, fundamentalmente do Arquivo Histórico Militar e da Biblioteca do Exército, para recolha de informação, bem como bibliografia nacional acerca do tema.
Conclui-se que a República reagiu militarmente contra a Monarquia do Norte criando forças em operações à custa dos efetivos existentes nas áreas envolvidas no conflito e reforçando estas unidades com efetivos mobilizados entre militares licenciados e voluntários civis para prosseguir as operações, que se desenrolaram numa lógica de contenção inicial do avanço das forças monárquicas para Sul, seguida de uma repulsão dessas forças para Norte do rio Douro e finalizado pela sua expulsão total do território nacional.

Palavras-chave

Monarquia do Norte, I República, Operações Militares.

Autor(es) (*)

Avatar Luís Alves Batista
 230 | 81

(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.