Cadernos do IUM N.º 20 - Aviação Militar Portuguesa nos Céus da Grande Guerra: Realidade e Consequências

Editorial

Quando se marca o centenário do desaparecimento do Major Óscar Monteiro Torres, honrando-se a memória do único aviador português a tombar em combate aéreo, julga-se muito oportuno abordar a participação da aviação militar nacional na Grande Guerra, focando as vicissitudes de que ela se rodeou, as quais mais não foram do que a particularização de todo um rol de fatores que condicionaram a organização, preparação e ação do Corpo Expedicionário Português (CEP), projetando igualmente o modo como a experiência obtida pelos aviadores portugueses, nas suas mais diversas vertentes, se refletiu no processo organizativo transversalmente verificado durante a década de 20 do século passado, o qual permitiu a consolidação e o crescimento da aviação militar em Portugal. 
Definido o objetivo genérico proposto para o presente número temático, ressalva-se, todavia, que as operações aéreas ocorridas no contexto da Grande Guerra, tanto no teatro aeronaval do Atlântico, como em Angola e Moçambique, se situam fora do respetivo âmbito de análise.

Artigos

O Serviço de Aviação do Corpo Expedicionário Português

Resumo

O Corpo Expedicionário Português, de acordo com a Inglaterra deveria possuir aviação. No verão de 1917 foi criada uma esquadrilha inicial, com o escopo de mobilizar o pessoal necessário aos quadros da aviação militar que iria para a França. Foi também nomeado chefe dos Serviços de Aviação, com sede em Paris, o capitão de artilharia e piloto-aviador Norberto Guimarães. Cabia-lhe a responsabilidade de orientar a instrução do pessoal navegante e mecânico em escolas francesas e de organizar o número de esquadrilhas necessárias à frente de batalha. Os pilotos disponíveis seguiram para a França para as escolas de aperfeiçoamento de combate, acrobacia, tiro e voo de noite. 
No final do ano de 1917 o Serviço de Aviação estava criado e desenhado no papel. Formá-lo-ia um grupo misto de três esquadrilhas, sendo uma de caça e duas de regulação de tiro. Contudo, tal não chegou a materializar-se. Com a falta de apoio do nosso mais antigo aliado, a Inglaterra, que não enquadrou nem equipou, como inicialmente fora acordado, o Serviço de Aviação. No entanto, foi acordado com o Exército francês que treze aviadores integrariam as esquadrilhas francesas operacionais em 1918.

Palavras-chave

Portugal; Primeira Guerra Mundial; Aviação; Piloto-aviador.

Autor(es) (*)

Avatar Luísa Alexandra de Vasconcelos Agostinho Abreu
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A Experiência Operacional dos Aviadores Militares Portugueses na Grande Guerra e as Implicações para a Aviação Militar Portuguesa do Pós-Guerra

Resumo

O presente trabalho, incide inicialmente em contexto da Primeira Guerra Mundial e mais especificamente, no âmbito do Corpo Expedicionário Português (CEP), sobre a participação dos pilotos portugueses integrados ao serviço da Aviação Militar Aliada no período do conflito (1914-1918). Neste contexto, procurou-se correlacionar a experiência e o conhecimento adquiridos nesta vivência, com a posterior aplicação destas mais-valias no desenvolvimento da Aviação Militar Portuguesa, no período subsequente ao conflito. Utilizada uma estratégia de investigação qualitativa, um desenho de pesquisa histórico e seguido um percurso metodológico proposto por Rego (1963), realizou-se o levantamento de informação relacionada com a organização da aviação militar francesa, por ser aquela que acolheu nas suas esquadrilhas o maior número de pilotos militares portugueses. Posteriormente, alargado o momento histórico para os anos subsequentes à Grande Guerra, pretende-se demonstrar a influência enquanto aviadores, naquilo que foram os desígnios realizados por estes homens na organização, no desenvolvimento e na formação da Aviação Portuguesa enquanto ramo independente.

Palavras-chave

Aviação Militar, Grande Guerra, Portugueses na Flandres, CEP.

Autor(es) (*)

Avatar Victor Manuel Brogueira dos Reis
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(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.