Editorial
O presente Número 28 dos Cadernos do IUM, sob o título “Gestão do Conhecimento em Contexto Militar: O caso das Forças Armadas Portuguesas”, constitui uma seleção de dois estudos, que se complementam, a partir do que se procede a um diagnóstico dos principais problemas e se equacionaram soluções sobre a problemática da criação e da gestão do conhecimento, individual e organizacional, em contexto militar.
Mais concretamente, o objetivo geral deste Caderno passa por concretizar, com expressão de pormenor nos dois estudos, uma análise crítica ao processo de aprendizagem organizacional das Forças Armadas (FFAA) portuguesas, diagnosticando os principais problemas e disfunções que se prendem com a estruturação e com a operacionalização do atual modelo de geração, partilha e utilização de Lições Aprendidas (LA) e correspondente arquétipo de Gestão de Conhecimento (GC) seguidos pelos ramos e pelo Estado-Maior-General das FFAA (EMGFA). Os resultados, assim obtidos, em conjugação com a avaliação de outras realidades, internacionais, permite subsidiar o aperfeiçoamento do modelo castrense português de aprendizagem organizacional.
Artigos

Resumo
As Forças Armadas (FFAA) portuguesas participam em missões internacionais, de grande complexidade e em múltiplos cenários, que obrigam a uma adaptação constante a novas envolventes externas, devendo, assim, ser capazes de incorporar, na sua doutrina e nos seus procedimentos, o conhecimento resultante dessas participações. Esta investigação centra-se no processo de aprendizagem organizacional das FFAA, na valorização e gestão do recurso “conhecimento”, e no contributo das Lições Aprendidas (LA) para esse processo, tendo como objetivo geral propor um modelo teórico de Gestão de Conhecimento (GC) organizacional que, através da conceptualização de uma capacidade de LA, adotável pelas FFAA, contribua para a melhoria da sua aprendizagem organizacional. A opção metodológica recaiu numa estratégia de investigação qualitativa, apoiada num desenho de pesquisa do tipo estudo de caso, a partir de um raciocínio dedutivo e indutivo. Os dados empíricos foram obtidos a partir de análise documental, de entrevistas e de questionários. Como principal produto da investigação apresenta-se uma proposta para a capacidade conjunta de LA, integrada num modelo de articulação de capacidades, com a partilha de informação através da interligação dos processos dos Ramos e com linhas de ação para a sua edificação, para melhorar a GC e consolidar as FFAA enquanto organização aprendente.
Palavras-chave
Aprendizagem Organizacional, Gestão do Conhecimento, Lições Aprendidas, Organização Aprendente.Autor(es) (*)



Resumo
A sociedade 5.0 veio provocar novos desafios nas organizações e no desenvolvimento de novos processos. Assim, o estudo procura avaliar o estado de maturidade da integração das Lições Aprendidas na Gestão Conhecimento, através de análise a um questionário com uma amostra de 882 militares das Forças Armadas Portuguesas, em particular, na resposta da validade empírica do modelo teórico japonês SECI, para explicar de que forma as Forças Armadas Portuguesas adquirem, aprendem e transferem o conhecimento tácito para explícito e vice-versa, no seio da organização. Para tal, seguindo uma metodologia hipotético-dedutiva, consubstanciada numa estratégia mista, aplicaram-se os catalisadores organizacionais desenvolvidos ao modelo SECI, que foram a base para a condução do questionário, bem como da realização de cinco entrevistas semiestruturadas a especialistas, possibilitando a sua validação. Os principais resultados da investigação revelam uma maturidade definida na integração das Lições Aprendidas na Gestão Conhecimento, surgindo de forma informal e sem modelo institucional consolidado, associado sobretudo às áreas de operações. A fraca sensibilidade organizacional para o tema, traduzida na desvalorização da importância do sistema de valorização do conhecimento, são identificados como desafios neste âmbito. O ensaio inova pela aplicação, na instituição militar, de um modelo teórico de referência consensual de transferência de conhecimento.
Palavras-chave
Gestão do Conhecimento, Lições Aprendidas, SECI, Forças Armadas.Autor(es) (*)


(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.