Editorial
As presentes publicações (n.º 35 e 36 dos Cadernos do IUM), sob coordenação do Professor Doutor Armando Marques Guedes e do Tenente-coronel de Artilharia Ricardo Dias da Costa, resultam dos trabalhos desenvolvidos pelos Oficiais auditores do Curso de Estado Maior Conjunto 2018/19 no âmbito da Unidade Curricular de Geopolítica da Área de Estudo das Crises de Conflitos Armados.
Esta Unidade Curricular tem como objetivos interpretar e analisar a evolução do pensamento geopolítico enquanto condicionante da ação político-estratégica; aplicar e examinar um método de análise em temas de âmbito global e regional com ênfase para os Estados do Espaço Estratégico de Interesse Nacional; e interpretar, analisar e projetar o contexto geopolítico nacional.
Neste âmbito, e na observância do conceito pedagógico que preside ao Plano de Curso, desenvolveu-se na UC um programa com diversas palestras com recurso a conferencistas externos de grande relevância, bem como um conjunto de atividades realizadas em ambiente de grupo de modo a fomentar a reflexão conjunta.
Destas atividades destacam-se o Workshop Multi-Universitário que permitiu um trabalho colaborativo entre alunos militares e alunos civis de universidades portuguesas sobre os conflitos do ‘Grande Médio Oriente’ Alargado, bem como a realização de uma Mesa Redonda sobre o “Poder de Portugal nas Relações Internacionais” com oradores de grande relevo e que maximizou o conhecimento dos auditores sobre as opções geopolíticas de Portugal.
As diversas atividades desenvolvidas na UC permitiram assim o enquadramento dos trabalhos de aplicação de grupo efetuados pelos auditores do curso, que versaram sobre temas de atualidade e grande relevância geopolítica.
Os trabalhos daí decorrentes, permitiram aos auditores do curso aprofundar o seu conhecimento sobre os conflitos nesta região, onde diversos atores da comunidade internacional estão presentes e em que o instrumento militar é frequentemente empregue, tendo por isso contribuído significativamente para finalidade do curso em qualificar oficiais superiores das Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana (GNR) para o desempenho de funções em estados-maiores conjuntos nacionais e internacionais, nas estruturas superiores das Forças Armadas e da Defesa Nacional, e em organizações nacionais e internacionais.
Nesse sentido, considero que estes dois volumes dos Cadernos do IUM concorrem para a afirmação do IUM como instituição de referência no âmbito das ciências militares no contexto universitário nacional e internacional.
Lisboa, 11 de julho de 2019
Tenente-general Manuel Fernando Rafael Martins
Comandante do Instituto Universitário Militar
Artigos
Resumo
O presente estudo insere-se na Unidade Curricular de Geopolítica do Curso de Estado-Maior Conjunto 2018/2019, pretende focar os principais fatores geopolíticos e geoestratégicos, a sua evolução histórica, potencialidades e vulnerabilidades, do “Grande Médio Oriente” Alargado e na forma como “contribuem para a definição do Poder dos Estados” (IESM, 2007).
Palavras-chave
História, Geopolítica, Geoestratégia, Grande Médio Oriente.Autor(es) (*)
Paulo Jorge Gonçalves GomesPedro Álvaro Flores da Silva
Resumo
Na sequência do tema apresentado, “o conflito na Síria e Iraque: dinâmicas estruturais e de complexidade”, não podemos desde já deixar de começar por clarificar os objetivos e as questões derivadas, para procurarmos o fio condutor do trabalho e assim, as respostas.
O objetivo central atribuído foi analisar a evolução recente do conflito, atores estatais e não estatais, e as suas implicações para a segurança local, regional e internacional.
Para definir o problema de investigação, adotamos um raciocínio indutivo, sendo delineada uma estratégia de investigação qualitativa, procurando-se corresponder a um objetivo geral e a três objetivos específicos, que, por sua vez, nos conduzem à determinação de uma questão central e a três questões derivadas.
Objetivo Geral: Analisar o conflito na Síria e Iraque: dinâmicas estruturais e de complexidade;
OE1: Analisar os atores estatais no conflito na Síria e Iraque;
OE2: Analisar os atores não estatais no conflito na Síria e Iraque;
OE3: Analisar as dinâmicas no conflito na Síria e Iraque.
Palavras-chave
Conflitos, Iraque, Síria.Autor(es) (*)
Flávio Luiz Lopes dos PrazeresJorge Miguel Sanches e Silva
Paulo Alexandre Martins Cardoso Soares
Resumo
Neste trabalho pretende-se analisar a evolução do conflito que eclodiu na Líbia após a queda de Muahmar Gaddafi, a intervenção dos atores externos próximos no conflito, a ligação do conflito ao Grande Médio Oriente e as implicações para a segurança internacional.
Palavras-chave
Conflitos, Líbia.Autor(es) (*)
Elton Roque FelicianoRaúl Carvalho Morgado
Resumo
O presente trabalho enquadra-se no tema geral “O ‘grande médio oriente’ alargado: atores estatais e não estatais, internos e externos, próximos e distantes”, sendo o tema específico deste trabalho “O conflito no Iémen: dinâmicas estruturais e a sua densidade emergente”.
A investigação tem como objetivo geral (OG) analisar a evolução recente do conflito (atores estatais e não estatais internos) e as suas implicações securitárias gerais. Para o efeito será analisado o Iémen na atualidade com foco nos fatores político, militar, económico, social, informacional, infraestruturas e ambiente físico. Neste seguimento, passar-se-á igualmente a analisar o potencial estratégico do Iémen na Península Arábica e a implicação securitária do conflito na atualidade.
Palavras-chave
Conflitos, Iémen.Autor(es) (*)
Adérito Grazina RodriguesJorge Manuel Martins Magalhães
Resumo
Tendo como referência, esta visão dominadora de um Médio Oriente expansionista, efetuámos uma análise à evolução recente dos conflitos por parte de atores estatais e não estatais internos optando pelo Mali, Nigéria, Chade, Djibouti, Etiópia, Eritreia, Somália e Sudão, identificando a sua ligação ao Médio Oriente e as suas implicações para a segurança internacional, através de conclusões prospetivas. Numa análise exploratória poderiam ser adicionados países como a Argélia, Burkina Faso, Níger e República Centro Africana (RCA), aumentando, no entanto, o volume do trabalho. Esta opção também se versou na escolha dos grupos islâmicos insurgentes mais proeminentes e com maior letalidade no espaço de estudo identificado, não aprofundando exaustivamente.
[…]
Serve o presente trabalho para que os decisores militares, públicos ou privados, institucionais ou empresariais, não ignorem o ambiente em que poderão vir a atuar, em que a busca de recursos, religião ou insurgência não cede a decisões fáceis, porque todos sabem que colocar “Deus no campo de batalha ou no centro da vida politica dos povos, não corresponde ao paradigma de visão em que as principais instituições do eurocentrismo, fazem assentar grande parte das suas decisões” (Gonçalves, 2011, p. 18), em especial quando somos assolados por um crescente fluxo emigratório que todos os dias atravessa o Mar Mediterrâneo.
Palavras-chave
Conflitos, Instabilidade, Corno de África, Golfo da Guiné.Autor(es) (*)
João Manuel Sena JaneiroJorge Emanuel Ferreira Louro
Resumo
O objeto de estudo do presente trabalho é, assim, o Irão e os formatos da sua atuação nos conflitos no Grande Médio Oriente Alargado. Face a esta delimitação em termos de espaço e conteúdo, optou-se por restringir a investigação em termos de tempo aos conflitos ativos na atualidade. O trabalho irá assentar em três grandes vetores: a perspetiva histórica e geopolítica; a perspetiva estratégica e a estratégia de atuação nos recentes conflitos do Grande Médio Oriente alargado.
Neste contexto, o percurso de investigação está alinhado com o objetivo geral (OG): Caraterizar os interesses geopolíticos na região e analisar a intervenção nos conflitos do GMO alargado. Para cumprir o OG e para facilitar a sua abordagem, formularam-se três objetivos específicos (OE). O OE1, “Analisar a história e a geopolítica do Irão”; o OE2, “Identificar a geoestratégica do Irão em relação ao GMO alargado”; e o OE3 “Analisar a intervenção do Irão nos conflitos do GMO alargado”.
Palavras-chave
Conflitos, Irão.Autor(es) (*)
Américo Filipe da Costa PereiraPaulo Miguel dos Santos Gonçalves
(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.