Cadernos do IESM N.º 4 - O conflito da Síria: As dinâmicas de globalização, diplomacia e segurança

Editorial

A presente publicação surge no âmbito das atividades desenvolvidas e competências adquiridas nas diferentes Unidades Curriculares (UC) que compõem o Curso de Pós Graduação (PG) em Globalização, Diplomacia e Segurança (GDS) e na sequência da sua Conferência Final (CF) que assinalou o fim do I Curso. A PG destina-se a licenciados nas áreas das Ciências Sociais e Humanas, Ciências Militares e outras no âmbito da Segurança e Defesa, titulares de Grau do 1º Ciclo ou habilitação equivalente, aos quais se pretende proporcionar formação avançada nas áreas da globalização, da diplomacia e da segurança, habilitando-os para o desemprego de funções de liderança e de assessoria técnica em estruturas públicas do Estado, em empresas e em organismos privados, nacionais e internacionais.

Artigos

O Conflito da Síria: o Quadro Global. A Guerra na Síria

Resumo

Com a guerra, a Síria ameaça desintegrar-se em pequenos estados, repetindo-se a História, porque em 1920, ainda sob o protetorado francês, fragmentou-se em cinco partes: o grande Líbano, damasco, Alepo, Djabal, Druza e Alawis. Conseguida a unificação dos últimos quatro estados, em 1924, só quase vinte anos depois, em 1946, a Síria veria reconhecida a sua independência da França. 
Os ideais pan-arabistas do partido Baath, e os interesses despóticos da família Assad, diluíram e absorveram estas separações, mas com as revoltas da Primavera Árabe, em 2011, depressa se tornaram de novo evidentes. apesar de tudo ter começado por ser uma revolta da população contra o poder ditatorial, a corrupção, os abusos e a falta de liberdade, tal como na Líbia, Egipto e Tunísia, cedo se tornou uma revolta sectária, porque este descontentamento era sentido sobretudo pela maioria sunita do povo.

 

Palavras-chave

Guerra, Síria.

Autor(es) (*)

Avatar Maria João Tomás
 240 | 80
Dinâmicas Securitárias do Conflito. A Avaliação Estratégica

Resumo

A República Árabe da Síria, sob regime autoritário, tem como lema “Unidade, Liberdade e Socialismo”. Possui uma superfície de 185 km2 e 23 milhões de habitantes. faz fronteira com a Turquia, o Líbano, o Iraque, Israel e a Jordânia. O território como o conhecemos atualmente foi criado através de um mandato francês, mas só obteve a sua independência como república parlamentar em abril de 1946. Desde esse momento e até ao ano de 1970, o país viveu em clima de profunda instabilidade, marcado por inúmeros golpes militares, para isso muito contribuindo a sua marcada diversidade religiosa.
O Presidente em exercício é Bashar Al-Assad, filho de Hafez Bashar Al-Assad, que chegou ao poder através de um golpe de Estado e governou os destinos do país durante trinta anos. Verificam-se proibições tais como serem criados partidos de oposição, e a participação de qualquer candidato opositor em eleições.
Economicamente a Síria é um verdadeiro exemplo de um Estado com forte ligação entre a política e a economia, não havendo um único aspeto que não seja regulamentado pelo critério e aparelhos públicos. O setor do petróleo destaca-se; contudo, há problemas estruturais como o desemprego na ordem do 18% e a inflação.
A avaliação estratégica do conflito tem, obrigatoriamente, que ter em conta alguns dos aspetos anteriormente referidos. O ambiente estratégico que iremos, sumariamente, caracterizar irá focar-se em três pilares de análise: 
- Os Fatores-Chave do Conflito; 
- O Ambiente Estratégico Externo: A Comunidade Internacional; 
- O Ambiente Estratégico Interno: Os Centros de Gravidade (CoG) dos atores em confronto.

 

Palavras-chave

Síria, Avaliação Estratégica.

Autor(es) (*)

Avatar Gustavo Boto
Avatar Renata Alves
Avatar Rita Villaverde
Avatar Vânia Vincent
 244 | 87
Dinâmicas Securitárias do Conflito. Prospetiva do Conflito: Cenários Possíveis

Resumo

A prospetiva, que se distingue da previsão, caracteriza-se por se concentrar nas incertezas, considerar ruturas, aliar quantitativo e qualitativo, sublinhar os riscos, partir da complexidade para a simplificação e ter uma abordagem global. A prospetiva que se adotou é de tipo exploratório, que equivale a um radar, distinguindo-se da prospetiva estratégica, que equivale e um simulador de navegações. O foco desta análise prospetiva é a evolução do conflito da Síria no horizonte temporal até 2020.
Para fazer a análise prospetiva começámos por esclarecer o sistema, isto é, o grupo dos componentes interdependentes - atores, variáveis e interações entre atores - e, a partir daí, a estrutura, ou seja, a organização desses componentes, distinguindo a distribuição dos atores no ambiente contextual e no marco enquadramento. Isto é possível pela identificação de tendências, que são depois categorizadas como elementos pré-determinados ou incertezas cruciais. Agrupando estes últimos elementos, constroem-se eixos de contrastação que, cruzados em si, dão origem aos cenários.
O processo analítico percorre um conjunto de etapas que genericamente são as seguintes: (1) exploração do ambiente contextual e do macro enquadramento; (2) identificação dos elementos pré-determinados e das incertezas cruciais; (3) definição dos eixos de contrastação e, por último; (4) obtenção dos cenários e análise de uma seleção de quatro dos cenários expostos.
Esperemos contribuir para a análise e reflexão do que poderá resultar do conflito sírio.

Palavras-chave

Síria, Conflito, Prospetiva.

Autor(es) (*)

Avatar Catarina Rolim
 223 | 70
Dinâmicas de Globalização do Conflito. O Ambiente Informacional: os Media Sociais e Tradicionais

Resumo

Os Media Sociais, fenómeno relativamente recente no mundo da política-comunicação/informação, começaram a consolidar-se como poderosa força mobilizadora antes mesmo das revoltas árabes.
Com efeito, ainda antes da Primavera Árabe ter eclodido, já a insurreição no Irão, após as eleições de 2009 (vídeo da morte da jovem Neda) deixava antever o papel que os Media Sociais iriam desempenhar nas grandes mudanças políticas que ocorrem no mundo Árabe a partir de 2011.
As Revoltas Árabes, ou Primavera Árabe, tiveram início na Tunísia em 2011 e depressa se estenderam a todo o Islão. Com diferentes evoluções, todas elas tiveram um denominador comum: o facto de terem sido aceleradas e impulsionadas a partir das redes sociais cuja capacidade de mobilização popular se revelou excecional. Para Manuel Castells (2011) “As raízes da rebelião estão na exploração, opressão e humilhação. Entretanto, a possibilidade de rebelar-se em ser esmagado de imediato dependeu da densidade e rapidez da mobilização e isto relaciona-se com a capacidade criada pelas tecnologias do que chamei de auto-comunicação de massas".
A internet e a informação genuína ou manipulada, mas sempre livre, veiculada pelos Media Sociais tornou-se assim, nos dias de hoje, uma poderosa arma que a censura, a repressão e as ditaduras não conseguem controlar na totalidade, ao contrário do que acontece com os Media Tradicionais. A realidade mostrou que vozes que não tinham voz passaram a poder expressar-se globalmente sem filtros nem restrições. O poder da Web contribuiu, pois, para o soçobar de líderes de regimes republicanos árabes como Ben Ali, Kadafi, Mubarak; assim como pressionou as monarquias do Golfo Pérsico, do Médio Oriente e do Magrebe a serem mais flexíveis procedendo a reformas, como modo de sobreviverem às revoltas populares.

Palavras-chave

Síria, Conflito, Meios de Comunicação.

Autor(es) (*)

Avatar Francisco Ribeiro
 219 | 71
Dinâmicas Diplomáticas do Conflito. O Falhanço da Diplomacia na Crise Síria

Resumo

Em conferência de imprensa realizada recentemente em Nova Iorque, o Secretário-geral (SG) da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon anunciou que o Representante Especial Conjunto da Organização das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi cessaria as suas funções no final do mês de Maio. Na mesma ocasião, o SG da ONU enalteceu o papel desempenhado por um dos mais brilhantes diplomatas no mundo, bem como os esforços empreendidos como medidor durante, praticamente, dois anos na busca de uma solução para o conflito da Síria.
[…]
De facto, existe uma complexidade interna e externa que tem tornado, em certa medida, ineficaz a ação diplomática. O fim de ciclo diplomático de Lakhdar Brahimi confirma o insucesso da diplomacia no conflito sírio. O insucesso assenta num conjunto de “falhanços” que tentaremos seguidamente aflorar.

 

Palavras-chave

Diplomacia, Crise Síria.

Autor(es) (*)

Avatar Diogo Marques dos Santos
Avatar Luís Almeida
Avatar Rui Contente
Avatar Susana Teixeira
 239 | 75

(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.