Editorial
Um dos objetivos da Comissão Coordenadora para a Evocação do Centenário da Grande Guerra é, para além de homenagear todos os que combateram em África, no mar e na Europa, revisitar a história local. Saber, das nossas terras, quem foram os que serviram Portugal lutando em paragens longínquas e que, terminado o seu serviço, voltaram a constituir a força laboriosa de nosso País.
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Compreende-se assim, ainda melhor, a vontade do Major Vítor Manuel Lourenço Ortigão Borges, em assumir, com orgulho, a missão de dar a conhecer o contributo do seu Regimento, o 14 de Infantaria, na Grande Guerra, no teatro de operações africano, em angola, e evocando um momento particularmente doloroso, como foi o da derrota em Naulila, no sul daquele território, enfrentando forças alemãs, em 18 de dezembro de 1914, de que resultaram 69 mortos (57 europeus e17 africanos), 76 feridos (66 europeus e 10 africanos) e 65 prisioneiros (todos europeus).
Artigos
O Regimento de Infantaria N.º 14 nas Campanhas do Sul de Angola da I Guerra Mundial
Resumo
O Batalhão do RI 14, [nas Campanhas do Sul de Angola em 1914/1915], era a maior subunidade da expedição, constituindo-se como o grosso da força. Como um todo ou com as suas companhias, esteve presente em quase todos os empenhamentos com o inimigo e nos momentos mais marcantes da Campanha do TCor Alves Roçadas. A problemática que se pretendeu estudar foi: Como é que foi influenciada a participação do batalhão e qual o seu contributo para o desfecho da campanha?
O batalhão partiu para África sem qualquer doutrina enquadrante, que definisse o seu emprego, tipologia de operações a executar e como se proceder à preparação para o terreno e inimigo que iria encontrar. A organização do batalhão era a normal para a época e não teve influência negativa direta nos empenhamentos táticos e desfecho da campanha. O batalhão praticamente não se preparou para a missão, o que resultou no fraco entrosamento e grande heterogeneidade dos militares, tornado evidente no desempenho em combate demonstrado em Naulila. Inicialmente, não se verificaram limitações de material, mas, a partir de finais de dezembro de 1914, toda a ação foi fortemente influenciada pelas grandes dificuldades de material. A liderança superior do batalhão consistia em oficiais veteranos das campanhas africanas em Angola, Moçambique e em comandantes de pelotão, com apenas duas exceções, que exerceram a sua ação de comando de forma eficaz e reconhecida. Não preparados para operar na dureza do clima africano, a participação do Batalhão foi marcada por pesadas baixas e grande dificuldades. As condições de vida dos militares eram precárias e a diminuta organização do terreno teve grandes implicações no desenrolar da campanha.
Palavras-chave
Regimento de Infantaria 14, Campanhas, Angola, Primeira Guerra Mundial.Autor(es) (*)
Vítor Manuel Lourenço Ortigão Borges(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.